sexta-feira, 9 de agosto de 2013

NOVA TRAGÉDIA

O Brasil inteiro toma conhecimento de mais uma tragédia familiar, que nos deixa estarrecidos. Mesmo que o triste episódio ainda não esteja de todo esclarecido, o fato é que resultaram cinco vítimas fatais, de uma mesma família, com evidentes indícios de ato praticado por um adolescente de treze anos, matando seus pais, sua avó, sua tia-avó, e terminando por matar a si próprio.

Diante de uma tragédia, a primeira atitude é de respeito pelas vítimas, de pesar pela perda de vidas, e de solidariedade pela dor causada a pessoas que mais de perto foram atingidas.

Cabe também, de imediato, um espaço para cada um, da maneira como achar conveniente, se colocar diante do mistério da existência humana, e com reverência pedir que Deus tenha compaixão das vítimas, na convicção de que sua misericórdia ultrapassa nossas trágicas limitações.  Pois se mostra cada vez mais necessário situar nossa vida, nossos atos, nossas contingências, à luz de verdades transcendentes, que nos apontam valores preciosos para a salvaguarda da vida humana.  

Não dá mais para achar que o banimento da fé não tenha consequências, e que seja possível prescindir impunemente da religião ao situar-nos diante da existência humana.

Fatos como este levantam interrogações profundas. Que teria faltado naquela família, que contava com o amor dos pais, o zelo da avó, o carinho da tia, compondo um contexto humano cálido e exuberante?

E a Escola, que teria deixado de fazer, além da acolhida personalizada que proporcionou ao menino, desde o primeiro dia de sua matrícula?

E que ambiente social ele respirou, para que fosse levado a praticar estes atos de extrema crueldade?

A própria Igreja precisa se interrogar sobre como inserir na prática cotidiana das pessoas o sentimento de respeito à vida humana, e a urgência do cultivo de atitudes destinadas a resguardar a integridade das pessoas.

Diante de fatos assim, em todo o caso, é salutar que todas as instituições se interroguem e procurem a ajuda mútua, para se criar uma “cultura da vida”, e superar o que infelizmente vai se desenhando como uma fatídica “cultura da morte”.

Por escassas informações repassadas, do caso específico desta tragédia, fica confirmada a convicção de que, em todas as famílias, nas escolas, na Igreja, na Sociedade, se faz necessário distinguir de maneira mais clara, o virtual do real.  Entre essas duas dimensões, passou a existir uma fronteira muito tênue e às vezes, mesmo, coincidente.

O mundo virtual pode ser construído e desconstruído, de acordo com as fantasias de cada um. Nele é fácil fazer e desfazer, viver e morrer, matar e se matar. No mundo virtual, tudo pode ser feito, de maneira inconsequente. Mas estes procedimentos, que ocupam crianças e adolescentes horas a fio, quando se inverte o contexto, e se passa do mundo virtual para o mundo real, aí podem acontecer tragédias que nos assombram.

Outra observação: a distância cultural entre gerações se tornou muito grande. Urge um esforço comum, para aproximar as gerações, criar mais momentos de convivência na família, fortalecer a dimensão salutar da realidade concreta da vida, da normalidade, do encanto com a natureza, e da consciência de quanto é importante o respeito pelas pessoas, cultivando o cuidado pelo prodígio da vida, que se encontra sobretudo em nossa existência humana.

Uma coisa resulta evidente. A pessoa humana não se sacia com futilidades ou aparências. Por mais que abarrotemos os filhos com valores superficiais, maior resulta a carência interior, que demanda por valores humanos consistentes e inquestionáveis. De novo se comprova: “Não só de pão vive o homem”.

O ponto de partida volta a ser o valor da vida humana, de que a guardiã é a família, que deve ser apoiada por todos na sua indispensável tarefa de geradora e promotora da vida.

FONTE: http://diocesedejales.org.br/home/nova-tragedia/

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