NOSSA SENHORA DE GUADALUPE
POR DOM DEMÉTRIO VALENTINI - BISPO DE JALES
Se a festa da Imaculada indica a redenção radical da natureza humana, a começar por Maria, a festa de Guadalupe simboliza a santificação das culturas humanas, que o Evangelho de Cristo tem a força de ir realizando, pela dinâmica do processo de inculturação que a Igreja é chamada a protagonizar ao longo da história e em todos os lugares.
Maria, aparecendo ao índio Juan Diego em trajes típicos da cultura asteca, mostra que a santidade cristã pode ser acolhida em cada cultura, e assumir suas expressões mais profundas, revestindo-as de força evangelizadora, a apontar os caminhos da progressiva identificação das expressões culturais com os desígnios salvíficos de Deus.
A Imaculada Conceição é fruto da intervenção de Deus na natureza humana, purificando-a das consequências do pecado. A inculturação do Evangelho é o processo de interação da graça de Deus com a ação humana, que vai desdobrando as potencialidades da natureza humana, enriquecendo-a agora com a força do Espírito de Deus, que foi infundido na humanidade pelo mistério da encarnação e pela ação de Cristo que se prolonga na história pela presença de sua Igreja.
O índio Juan Diego foi recentemente canonizado pela Igreja como santo. Os santos são canonizados não só para destacar a sua pessoa. Mas também para ressaltar o significado de sua vida. Neste sentido, a canonização de Juan Diego ultrapassa de longe a dimensão pessoal, para se revestir do simbolismo profundo que envolve toda a rica história de Guadalupe. Ela testemunha a força do Evangelho, que espera ser acolhido em todas as culturas, para que os planos de vida que Deus colocou na humanidade possam atingir a sua plenitude, no respeito da natureza humana e na valorização da graça de Deus.
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