SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI:
"EIS O MISTÉRIO DA FÉ"
Nesta quinta-feira, celebra-se a solenidade de “Corpus Christi”. De
tradição antiqüíssima, esta festa, comemorada de modo solene e
pública, manifesta a centralidade da Santa Eucaristia, sacramento do
Corpo e Sangue de Cristo: o mistério instituído na última Ceia e
comemorado todos os anos na Quinta-Feira Santa, após a solenidade da
Santíssima Trindade.
Neste dia, manifesta-se a todos, circundado
pelo fervor de fé e de devoção da comunidade de todos os batizados, o
Mistério de Amor que nos foi legado por Cristo, para memorial eterno
de sua Paixão. A Eucaristia, realmente, é o maior tesouro da Igreja, a
preciosa herança que o Senhor Jesus lhe deixou. E, assim, a Igreja
conserva a Eucaristia com o máximo empenho e cuidado, celebrando-a
diariamente na Santa Missa, bem como adorando-a nas igrejas e nas
capelas, levando-a como viático aos doentes que partem para a vida
eterna.
A Eucaristia transcende a Igreja: Ela é o Senhor que se
doa “pela vida do mundo” (Jo 6,51). Ontem, hoje e sempre, em todos os
tempos e lugares, Jesus quer encontrar o homem e levar-lhe a vida de
Deus. Por isso, a transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de
Cristo constituiu o princípio da divinização da mesma criação. Nasce,
deste modo, o gesto sugestivo e oportuno de levar Jesus em procissão
pelas ruas e estradas de nossas cidades e comunidades. Levando a
Santíssima Eucaristia pelas vias públicas, queremos imergir o Pão que
desceu do céu na vida quotidiana da nossa vida; queremos que Jesus
caminhe onde nós caminhamos, que viva onde nós vivemos.
O nosso
mundo, as nossas existências devem tornar-se templo da Eucaristia.
Somos conclamados a viver em santidade. Na intimidade com Nosso Senhor
Jesus Cristo, presente em corpo, sangue, alma e divindade nas
sagradas espécies de pão e vinho, seremos testemunhas vivas de seu
amor, de sua misericórdia, a partir do momento em que vivermos por ele e
com ele, sendo luz do mundo e sal da terra. Com grande entusiasmo,
este momento sagrado, em que Cristo Eucarístico passa pelas ruas de
nossa cidade a nos abençoar, somos soldados perfilados fazendo sua
guarda de honra, somos crentes convictos da fé que professamos,
fazendo-o publicamente, somos filhos amados por Deus que desejamos,
mais e mais, viver mais unidos a Ele, tanto na participação da
Eucaristia, quanto na vida exemplar de lídimos cristãos.
Neste
dia santo, a Eucaristia é tudo para ela, é a sua própria vida, a fonte
do amor que vence a morte. Da comunhão com Cristo Eucaristia brota a
caridade que transforma a nossa existência e ampara-nos no caminho
rumo à Pátria Celeste.
Neste préstito solene que se forma nesta
solenidade tão cara à vida espiritual da Igreja, Cristo ressuscitado
percorre os caminhos da humanidade e continua a oferecer a sua “carne”
aos homens, como autêntico “pão da vida” (Jo 6,48,51). Hoje “esta
linguagem é dura” (Jo 6, 50) para a inteligência humana, que
permanecem como que esmagadas pelo mistério. Para explorar as
fascinantes profundidades desta presença de Cristo sob os “sinais” do
pão e do vinho, é necessária a fé, ou melhor, é necessária a fé
vivificada pelo amor. Só aquele que acredita e ama pode compreender
alguma coisa deste inefável mistério, graças ao qual Deus se faz
próximo da nossa pequenez, procura a nossa enfermidade, revela-se por
aquilo que é infinito, o amor que salva.
Precisamente por isso,
a Eucaristia é o centro palpitante da comunidade. Desde o início, na
primitiva comunidade de Jerusalém, os cristãos reuniam-se no Dia do
Senhor (Dies Domini) para renovar na Santa Missa o memorial
da morte e ressurreição de Cristo. O domingo é o dia do repouso e do
louvor, mas sem Eucaristia perde-se o seu verdadeiro significado.
Celebrando Corpus Christi,
queremos renovar nosso autêntico compromisso de batizados, um
compromisso pastoral prioritário da revalorização do domingo e, com
ela, da celebração eucarística: “um compromisso irrenunciável,
abraçado não só para obedecer a um preceito, mas como necessidade para
uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente” (João Paulo II,
“Novo Millennio Ineunte”, 36).
Adorando a Eucaristia, não
podemos deixar de pensar com reconhecimento na Virgem Maria. Sugere-o o
célebre hino eucarístico que cantamos muitas vezes: “Ave, verum
Corpus, natum de Maria Virgine” (“Ave, ó verdadeiro Corpo, nascido da
Virgem Maria). Peçamos hoje à Mãe do Senhor que todos os homens possam
saborear a doçura da comunhão com Jesus e tornar-se, graças ao pão de
vida eterna, participantes do seu mistério de salvação e de
santidade.
PÃO E VINHO ♫♫
Pão e vinho te apresentamos nesse altar
Como sinal que tu recolhes nossa oferta
Tudo o que somos deixamos aqui. (bis)♫
Como sinal que tu recolhes nossa oferta
Tudo o que somos deixamos aqui. (bis)♫
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